sábado, 14 de março de 2009

A banalização da infância

HÁ TEMPOS, casos abordando crianças veem sendo cenários de vários programas de televisão, entre estes, noticiários, que vez ou outra denunciam os maus tratos que crianças veem passando pelo Brasil.

Hoje em dia, a “febre” são os estupros cometidos geralmente por aqueles que deveriam cuidar e zelar pela infância e inocência desses (as) pobres garotos (as), [Segundo os especialistas, os abusos acontecem principalmente nas escolas, em creches e nos lares, praticados por pessoas que as crianças e adolescentes conhecem e em quem confiam] o caso mais recente e chocante aconteceu em Alagoinha, interior de Pernambuco, onde uma pobre criança foi estuprada por seu padrasto até ter ficado grávida de gêmeos. Em Catanduva- SP, uma rede de pedofilia que incluía pessoas de classe media alta e relacionada com a política da região foi desarticulada pela policia federal, há suspeita de que pelo menos 30 crianças tenham sido vítimas dessa rede criminosa.

Poderia listar milhares de outros casos como estes, e mesmo assim, ainda faltariam muitos a serem colocados, isto falando apenas dos que são catalogados. Nos Estados Unidos cerca de 160 mil crianças e adolescentes são violentadas de forma grave anualmente e, estima-se que entre mil e duas mil dessas crianças cheguem a óbito. No Brasil esse estudo é bastante complicado, por falta de um serviço de saúde organizado para que se tenha um estudo da situação com estatísticas.

Dados Alarmantes: A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a violência sexual contra crianças e adolescentes como um dos maiores problemas de saúde pública do mundo. Um estudo de 1999 revelou que, em todo mundo, cerca de 36% das meninas e 29% dos meninos serão abusados sexualmente até a idade de 14 anos. O abuso é, em geral, estendido por vários anos, sendo que as vítimas em 42% dos casos são abusadas antes de terem chegado aos 7 anos de vida.

Calcula-se que, nos Estados Unidos, uma criança é abusada a cada 4 segundos e que um pedófilo faça, durante a sua vida, cerca de 260 vítimas, sendo que 50% delas se tornarão abusadoras sexuais também, em consequência de um processo psicológico pós-traumático chamado de "revitimização".

No Brasil, estudo da Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência estima que são 165 vítimas/dia, isto é, 7 por hora! Outro dado indireto de extrema relevância é que, em 1999, dos partos de mães com menos de 14 anos de idade atendidas pelo SUS, 90% foram resultado de incesto (relação sexual entre pai e filha).

Uma das grandes conquistas para a amenização desta triste realidade foi, sem duvida alguma, a criação do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), que este ano completará 19 anos de existência, o Estatuto foi criado no dia 13 de julho de 1990, para dar proteção à criança através de amparo legal, afim de que toda a criança e adolescente tenham direito a assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Isto é o que está explicito no 4º art. Do ECA.

Mesmo com 18 anos de idade, o ECA ainda é pouco conhecido por nossa população, e os casos de violência contra as crianças e adolescentes só vêm crescendo no nosso país, e na mídia, contamos apenas com o acesso de casos [excepcionais] que são exibidos, mas por se tratar de um tema atrelado aos tabus de nossa sociedade, o assunto é quase sempre esquecido, e não se tem uma real abordagem nos pontos mais relevantes como; saber detectar um abuso, prevenir, e até mesmo aonde denunciar um abuso sexual.

A mídia, por sua vez, não ajuda a população a se informar sobre as ressalvas do tema, e casos e mais casos que poderiam ser evitados, são noticiados dia a dia como se fossem um problema comum na modernidade e assim a Infância vai sendo banalizada pelo país e pelo mundo.

5 opiniões:

Lara Sousa disse...

Você tem razão, o mundo chegou a ponto que só quem tem direito de ser criança são crianças ricas, as crianças pobres tem que trabalhar e é gerlamente em familias de baixa renda que ocorrem casos como estupros e violencia, e as pessoas estão achando isso comum, mas é isso q não deve acontecer pois se isso virar comum onde vamos chegar?

beeijos

JoJo Lobato disse...

O mundo tá cheio de pessoas com distúrbios mentais.
Mas não é uma questão de renda que vai sujeitar as crianças a sofrerem abuso sexual. Até mesmo nas famílias de classe alta ocorrem casos horrendos. O caso é complicado ao extremo, pois geralmente o problema está dentro de casa.. e quem vai ir contra um pai? Acho que a mídia expõe o caso de maneira normal, até porque é um caso complicado.

Anônimo disse...

Bom, acho que nada justifica o fato de ser mostrado como um caso normal. Acredito, Frank, que a questão mais relevante disso tudo e que assaz me preocupa é a banalização da violência contra crianças, bem como a violência urbana, que nos tornamos reféns. De fato existem casos hediondos por todos o lugares, entretanto a preocupação deve ir no sentido do porque de tais casos acontecerem.

Espero ter sido compreendida!
Merci.

Frank Lima disse...

Larissa é sobre este porque "a preocupação deve ir no sentido do porque de tais casos acontecerem" que levo a tona este assunto, a banalização contra a criança, se tornou algo comum e corriqueiro, e parece que não a preocupação alguma em tocar nesta ferida.

obrigado pelo comentario!

Anônimo disse...

Devemos ser mais profundos em nossas reflexões. Temos que tomar atitudes, encarar a realidade nua e crua. Que se esqueça aquele pensamento: "Não foi comigo mesmo!" É por isso que o mundo tá como tá. Somos extremamente superficiais. Somos, eu estou nessa tbm e levanto a reflexão pra mim e espero que todos que leram esse post tbm...

;)