quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PASÁRGADA ÀS AVESSAS (que me perdoe Bandeira)

Vou-me embora pro Maranhão
Lá sou cupincha do Sarney
Lá tenho o emprego que quero
E o cargo que escolherei
Vou-me embora pro Mará
Vou-me embora pro Mará

Aqui eu estou ao léu
Lá o governo é uma aventura
Uma esbórnia, um bordel
De tal modo inconseqüente
Que Roseana, a ditadora
Princesinha e falsa governante
Vem a ser parente direta
Do coronel sem patente

E como farei maracutaia
Andarei de conversível
Montarei em cavalo de raça
Subirei em palanques de praça
Tomarei banhos de sal grosso

E quando estiver cansado
De ver esse boi barricar
Mando chamar um pai-de-santo
Pra me benzer e ajudar
A inventar
Histórias do arco da velha
Pra no senado eu contar
Vou-me embora pro Mará
Vou-me embora pro Mará

No Maranhão tem de tudo
Tem miséria, tem ostentação
Tem um processo seguro
De propagar a corrupção
Tem telefone sem grampo
Tem pó pra nariz empinado
Tem putas nas altas rodas
Pra quadrilha dançar feliz

E quando eu estiver mais rico
Mais rico
De não ter onde guardar
Quando de noite me der
Vontade de vadiar
Lá sou cupincha do Sarney
Terei a orgia que quero
No covil que escolherei
Vou-me embora pro Mará...



Por Lúcia Santos (saiba mais sobre poetisa aqui)

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