sexta-feira, 26 de junho de 2009

Da atual (in)comunicação para um caminho de difusão

Está surgindo, diante de nossos olhos, um novo paradigma em meio às tendências de comunicação pelo globo. O modelo denominado de comunicação compartilhada promete, nas próximas décadas, mudar o rumo da atual comunicação de massa. A interatividade desse novo exemplo traz consigo um conceito construído e amadurecido por diversos grupos, instituições e movimentos sociais marcados pela luta da diversidade e democracia da comunicação. Segundo o jornalista e sociólogo Ignacio Ramonet, autor de a Post-Télévision; Guerres du XXI e siècle, - inédito no Brasil –, durante muito tempo a comunicação foi algo que libertava, porque significava difusão do saber, do conhecimento e da razão contra as superstições e obscurantismos. Agora, cada vez mais, nas mãos de grupos econômicos planetários e de empresas globais, ela exerce uma espécie de tirania que faz com que o pluralismo, a independência e a democracia estejam em crise.

Se contrapondo a esta atual situação, a comunicação compartilhada supõe o desafio de democratizar os conhecimentos e as ferramentas para a comunicação, gerar espaços para a articulação e garantir o livre fluxo de informação, circulação e a difusão de conhecimentos.

Para isso, adventos de ferramentas como blogs, twitters, podcasting, sites como o YouTube, Orkut ou até mesmo o MSN permitem, em teoria, que qualquer ser humano seja um fabricante de conteúdos informativos. Além disso, o público — em especial as novas gerações — vai, aos poucos, abandonando os mega conglomerados de comunicação, ocasionando em uma procura crescente por conteúdos cada vez mais marcados pela variedade. Essa multiplicação de emissores tem se tornado um antídoto contra o monopólio das comunicações mundiais, o que faz com que a tarefa principal das mídias livres seja cumprida.

No Brasil, a comunicação compartilhada começou a ser discutida na 1ª edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, em 2002 e de lá pra cá vários avanços conseguiram ser realizados. No âmbito acadêmico, o aumento da reflexão sobre os serviços públicos de comunicação, em particular na televisão e rádio, tem aberto discussões para fóruns e debates que visam a partir dessa comunicação ter uma apropriada “ampliação de vozes”.

Para Ramonet, “os meios privados tem começado a se tocar que o poder foi reduzido e que agora diante da crise o poder midiático também está debilitado perante os novos meios que aparecem a cada dia. Ou seja, os meios que eram tão dominantes antes, hoje estão dominando menos”.

Com isso, o fortalecimento das mídias livres, a partir da comunicação compartilhada, tem criado novos desafios como ampliar o alcance para se chegar a setores que ainda não tomaram contato com essa nova realidade. E, acima de tudo, persistir com resistência à lógica da comunicação-mercado gerida e controlada pelos conglomerados que a todo instante se contrapõem à troca solidária, social, cultural e política de informações para uma verdadeira difusão de conhecimentos.

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