terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Carta aberta a Ubiratan Teixeira (de volta à xenofobia)

O respeitável cronista, contista, dramaturgo e romancista maranhense Ubiratan Teixeira, na sua crônica “De volta ao além” (publicada no jornal O Estado no dia 15/01/10), cometeu um deslize digno de um principiante.
.
Num discurso revoltado onde brada que cariocas e paulistas “levaram o que foi nosso na literatura e na ciência”, ele afirma que “até nosso talentoso Zeca Baleiro, quando perguntado sobre sua origem, murmura de forma quase inaudível ter nascido em Codó”.
.
Além de negar suas origens, como sugere o vetusto cronista, Zeca estaria sendo mentiroso, simplesmente porque ele não nasceu em Codó, mas sim em Arari, fato alardeado até mesmo em suas canções: “Estou aqui em Arari, Nova Yorque...”
.
Pra ser mais exata, ele nasceu em São Luís, numa maternidade qualquer, mas passou a infância na pequena cidade banhada pelo Mearim, até os oito anos de idade, quando mudou-se com a família para a capital. Como “irmã de Zeca Baleiro”, falo com conhecimento de causa.
.
Um cronista do quilate de Ubiratan deveria ser mais cuidadoso ao falar de pessoas públicas, para não passar informações incorretas de forma leviana. Isso sim, é feio e condenável. Com todo respeito, caro Ubiratan, você não pode usar uma coluna de jornal para difamar pessoas que já são alvo de inveja por terem alcançado algum sucesso com seu próprio esforço. Zeca que se proteja de tanta maledicência, meu Deus!
.
Por que essa implicância atávica com quem é bem-sucedido fora dos domínios da ilha? Coisa mais cri-cri falar mal do Sudeste, como se fôssemos ignorantes colonizados! Os artistas e escritores nascidos nesta terra não deixarão de ser maranhenses só porque foram mais reconhecidos e mais aceitos lá fora. Santo de casa não faz milagre mesmo, ora bolas!
.
Ah, e Zeca não precisa de ninguém pra segurar seu calcanhar (que não é de Aquiles), ao contrário do que o cronista diz maldosamente da nossa grande sambista, a Marrom. E toda vez que a mídia se refere ao festejado carnavalesco Joãozinho Trinta, o “maranhense” vem quase como um adjetivo, pelo que acompanho de sua brilhante carreira. Sua célebre frase “quem gosta de miséria é intelectual” ilustra bem o modo de pensar do nosso cronista.
.
Afora esses citados na crônica, temos muitos outros que vivem no eixo Rio-São Paulo, como Ferreira Gullar, Salgado Maranhão, Papete, Tião Carvalho, Rita Ribeiro, Flávia Bittencourt, Fernando Mendonça, Dionísio Neto, Manuel Herculano... Todos motivo de orgulho para o Maranhão.
.
Menos maldade com o sucesso alheio, minha gente ilhada, menos.


*Carta gentilmente cedida pela amiga poetisa Lúcia Santos para divulgação no blog.

Saiba mais sobre Lúcia Santos.

2 opiniões:

hammer-berlin.blogspot.com disse...

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao Frank Lima por abrir espaço em seu Blog, para esclarecimentos como esse...

E para a Lúcia Santos, os meus PARABÉNS, por ousar e manter a integridade da Família.

Sou brasileira, câmera-woman e fotógrafa, vivo em Berlin na Alemanha há 13 anos, e Zeca Baleiro é meu amigo e irmão, há uns 20 anos. Portanto, também posso afirmar que ele é um dos artistas mais brilhantes nascido no Maranhão, que nunca precisou mentir ou negar as suas raízes, muito pelo contrário... Pessoas, como o Ubiratan Teixeira, deveriam agradecer e homenagear Zeca Baleiro como ele bem merece, por divulgar o Estado do Maranhão e a sua cultura pelo mundo a fora, pois Zeca Baleiro é um ARTISTA INTERNACIONAL e merece RESPEITO!

Parabéns Zeca Baleiro, por se manter assim, talentoso, íntegro e simples!

Diga ADEUS aos invejosos!

BERLIN espera por ti!!!

Heloisa Hammer

Bel disse...

Parabnes à Lucia por se colocar com clareza frente à tamanha bobagem escrita por este jornalista.
Sou gaúcha, vivo em São Paulo e conheço o Maranhão. Minha curiosidade por este estado foi despertada exatamente pela música de Zeca Baleiro e por ser celeiro de poetas como Lucia e tantos outros escritores sabidamente maranhenses.
Sem eles o Brasil não conheceria esta rica cultura.
Me orgulho de ouvir Zeca, e de ler Lucia.
Izabel Schneider